quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Viva México! Viva México! Viva México!

Chega a ser lugar comum dizer que sob este brado milhares de pessoas comemorarão hoje o Bicentenário da Independência Mexicana.

A Academia de Língua Portuguesa deseja felicitar a todos mexicanos e estrangeiros que aqui vivem por esta data tão importante para o civismo do país.

Comemoraremos este marco histórico falando um pouco das palavras que fazem parte do contexto comunicativo da celebração.

Como sabemos na madrugada do dia 16 de setembro de 1810 o padre Miguel Hidalgo y Costilla decide dar inicio à revolução pela independência do país logo após receber o aviso enviado pela corregedora ou ouvidora* Josefa Ortiz de Domínguez que a conspiração havia sido descoberta e que era necessário iniciar a luta. Depois de libertar os prisioneiros da cadeia, Hidalgo acompanhado de Ignacio Allende e Juan Aldama fez soar o sino no átrio da igreja de Dolores para convocar aos cidadãos a se levantarem contra o mau governo. Por isso se diz que a atual cidade de Dolores é o berço da Independência. Logo do episódio conhecido como Grito de Dolores, a tropa reunida pelo padre Hidalgo segue para Atotonilco e toma o estandarte da Virgem de Guadalupe como símbolo do exército independentista.

O resto da história também é bem conhecido :11 anos e 11 dias de luta armada que culminou na independência do país e numa série de mudanças sociais.

Que o sentimento de felicidade que vivemos hoje pela soberania alcançada há duzentos anos esteja sempre presente em todos os momentos da vida daqueles que de alguma maneira estão relacionados a esta nação maravilhosa.

Viva México! Viva México! Viva México!


Nota
*No Império Português corregedor era o magistrado responsável pela aplicação da justica nas terras ligadas à coroa. No Brasil Colonial esta função correspondia ao ouvidor. Por isso, as duas palavras, corregedor e ouvidor, podem ser usadas, neste caso, como sinônimos.







terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Independência do Brasil

No dia 07 de Setembro comemoramos a Independência do Brasil e neste ano do Bicentenário da Independência Mexicana não podemos deixar de fazer um paralelo sobre os eventos que aconteceram nos dois países.

Primeiramente, é necessário dizer que a independência do Brasil ocorreu em circunstâncias totalmente distintas daquelas vividas pelo México.

Com a transferência da família real portuguesa para o Brasil, o país ascendeu à posição de metrópole. Inclusive foi justamente a manutenção deste estatus que determinou o processo de independência pois a elite brasileira não desejava retornar à condição de colônia. Por isso, quando o rei D. Joao VI ordenou que seu filho retornasse a Portugal o jovem príncipe regente encontrou ao mesmo tempo pressão e apoio de pessoas influentes para que rompesse com a coroa portuguesa e ficasse no Brasil, ocasionando assim, a independência do país e o tranformando consequentemente num império independente.

Ao contrário do México, o Brasil teve uma guerra de independência muito curta e de pequenas proporções pois a resistência portuguesa ocorreu em apenas quatro províncias. O processo que se iniciara formalmente em 1822 se concluiria totalmente em 1823.

De maneira geral podemos dizer que um único detalhe aproxima os eventos da independência nos dois países. No Brasil também houve um grito: “Independência ou Morte” dito pelo então Príncipe Regente Pedro I, quem se tornaria o Imperador D. Pedro I. Mas é preciso dizer que o grito do padre Hidalgo é muito mais repetido que o do regente. Aliás, no Brasil, a comemoração pela independência se resume a desfiles militares e pronunciamentos das autoridades, mas nenhuma delas reproduz o gesto de D. Pedro I às margens do Ipiranga, por exemplo.

Enfim, as duas nações celebram a seu modo a conquista de sua soberania e não há dúvidas que as datas possuem igual importância em ambos países.


Viva Brasil e Viva México!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O México de Érico Veríssimo

"Vamos ao México?

Atirei a pergunta ao chegar em casa naquele anoitecer de abril. Era em Washington e as cerejeiras estavam floridas à beira do Potomac. Minha mulher, que lia o Evening Star, ergueu a cabeça e pousou em mim os olhos azuis.
-México? - repetiu ela com ar vago. E tornou a baixar a cabeça, o olhar e a atenção para o jornal." (p. 11)
 
Em 1957 o escritor Érico Veríssimo publicou a narrativa da viagem que realizou com a esposa ao México.

O texto nos apresenta o país desde o ponto de vista de um homem que viveu as dificuldades da crise financeira de 1930 e da ditadura de Getúlio Vargas no Brasil e que antes de se consagrar como escritor trabalhou como assistente de redação e tradutor.

Aquele México, que Veríssimo nos descreveu não existe mais na sua totalidade. Em termos de infraestrutura o país se modernizou e muitas das inquietudes que assolavam os viajantes simplesmente desapareceram. Mas Veríssimo foi sensível ao captar a essência do mexicano, se identificou com os nacionais e se sentia pai e irmão daqueles com quem interagiu aqui. Conversou com intelectuais como José de Vasconcelos e populares e pelo que descreve podemos concluir que pouco mudou. Ainda bem, porque Veríssimo se alegraria de rever seus hermanitos tal como os deixou há mais de cinquenta anos.

A leitura da obra nos convida a todos a uma reflexão sobre o país. O brasileiro que vive aqui pode refazer os passos de seu conterrâneo e os mexicanos podem observar o olhar atento de um estrangeiro que teve a oportunidade única de ser contemporâneo e amigo íntimo de muitos ícones da cultura nacional.

O livro é, em última instância um relato apaixonado sobre o país que recebe a todos com gentileza e cortesia. Não é novidade que a admiração entre o Brasil e o México é mútua, mas o encantamento ficará imortalizado nas palavras de Veríssimo:

"Quantos anos precisarei para digerir o México? Quantas vidas devia viver para compreendê-lo? Mas um consolo me resta e basta. Não preciso nem de mais um minuto para amá-lo" (p. 298)

Referência
Veríssimo, E. (1957) México - Editora Globo 11a. Edição. São Paulo. Brasil

Um trecho do livro em http://ufpel.tche.br/~felipezs/html/mexico2.html
Mais sobre Érico Veríssimo em http://www.releituras.com/everissimo_bio.asp

Bem-vindo ao nosso cantinho no mundo virtual

Gostaríamos de inaugurar este espaço com uma mensagem de boas-vindas que fizesse o leitor sentir-se realmente acolhido e abraçado pelo universo da Língua Portuguesa.

Queremos que este lugar seja um espaço de tolerância e intercâmbio intercultural e desejamos que aqui vocês se sintam sempre à vontade para comentar as mensagens, sugerir pautas de publicação, fazer perguntas e interagir com os autores e os demais usuários do blog.

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